domingo, 25 de julho de 2010

No donuts for you!

“Uma pessoa não viveu até encontrar algo pelo qual valha a pena morrer”

Outro dia eu estava dando uma carona para um colega da pós-graduação, e no caminho para a Universidade precisamos passar na frente da Delegacia da Polícia Federal. Comentei com ele que eu estou me preparando para o concurso de DPF, e a resposta foi uma declaração extraordinária:
“Você quer ser Federal? Pra que? Tem que trabalhar pra dedéu, sabia? E você já pensou na responsabilidade que vem por aí? Por que não pega um empreguinho mais light? Eu não quero um troço desses pra mim! Eu vou arrumar alguma coisa que não precise me matar tanto, assim, tipo, uma coisa mais leve, com horários flexíveis e que não tenha tanta exigência...”.

E continuou a discorrer sobre a loucura que eu estava prestes a cometer, que eu devia por tudo que era mais sagrado reconsiderar minha decisão, afinal Delegado de Polícia Federal não é aquele tipo de emprego facinho, facinho. “Delegado Federal não fica o dia inteiro sentado na mesa comendo Donuts, tá?”, arrematou, referindo-se ao estereótipo do policial rechonchudo que aparece no desenho Os Simpsons.

(Antes de prosseguir, vou mencionar que logo na quadra seguinte havia um muro pichado com uma frase que se encaixou no contexto de uma forma extremamente irônica. No fim do texto vou contar que ironia foi essa).

Continuando... Entendo que um empreguinho light que não demande muito esforço e não tenha cobranças e pressão seja o que ele quer. Mas não é o que eu quero.

E eu sei que, se a Polícia Federal é o seu objetivo de vida, também não é o que você quer.

Afinal, por que nós – e quando eu digo “nós”, estou me referindo a todos os concurseiros da PF – iriamos querer um empreguinho fácil? Que graça há nisso? É muito cômodo, sem dúvida, mas...
Nós somos jovens, e (sem querer me gabar) somos inteligentes, temos a vida toda pela frente, precisamos aproveitar. Não é nosso momento de mofar em um empreguinho fácil, fazendo tudo da mesma maneira, dia após dia, sem precisar pensar muito, ou apresentar grandes resultados ou sofrer cobranças, em uma estagnação permanente.

Agora é nossa hora de abraçar o mundo! É hora de estudar para o concurso, passar no concurso, viajar muito, nos aperfeiçoar, aprender e ensinar, comprar aquela arma dos nossos sonhos, fazer uma especialização, fazer cursos, participar daquela missão hardcore, sofrer pressões, muitas pressões, porque é assim que crescemos como pessoas e cidadãos.

Tem muita coisa lá fora para ver, lugares, pessoas... Vamos encontrar os velhos amigos, fazer amigos novos, e contar para eles nossas histórias sensacionais entre uma missão e outra. E vamos passar por perigos, e como! Não se iludam, se quiserem viver em segurança escolham outra profissão. Mas não era a aviadora Amélia Earhart que dizia: “quem quer viver uma vida preso à segurança?”?

Respeitando os objetivos de vida de cada um, e entendendo perfeitamente a escolha do meu amigo, ainda assim não pensei nem por um segundo em reconsiderar minha decisão. Se um trabalho sem grandes responsabilidades é o que ele escolheu, então está bem. Afinal, todo mundo tem é que ser feliz. Só que eu quero que minha profissão seja defender a sociedade, minha casa seja as estradas e rodovias, meu quintal seja o país inteiro e meus vizinhos sejam todas as pessoas do Brasil, e quero isso para o resto da minha vida.

Esse foi o caminho que você escolheu também, não foi?

Então vamos lá fora conquistar o mundo! =)

PS: Sabem qual foi a ironia da história toda? No muro perto da PF estava pichada a seguinte frase:


“Você não pode rastejar quando tem o impulso de voar!”


Criska

8 comentários:

  1. Fala Criska,tudo ok?. Sobre seu colega,imprima e mostre para ele este texto,ele vai entender porque você,eu e o pessoal do blog que fazer parte do DPF.

    Carta de boas-vindas: "Sejam bem-vindos à melhor instituição policial da América Latina. Os senhores e senhoras experimentarão um turbilhão de novidades em suas vidas: nova profissão, novo lar, novos amigos, novas formas de encarar a vida e as relações sociais. Acreditem: o DPF é DA HORA e dispõe de alguns milhares de homens e mulheres espetaculares nas nossas fileiras... Alguns já estão aposentados, outros estão começando agora. Portanto, identifiquem essas pessoas e mirem-se nos exemplos de abnegação e profissionalismo de alguns dos melhores policiais do mundo.
    Àqueles que estão usando o DPF como trampolim para outro concurso, fica apenas a torcida para que respeitem a nossa instituição e, ao mesmo tempo, vai um pedido: Honrem a camisa preta! Transpirem-na!
    Por outro lado, aos colegas que estão realizando um sonho, entrando em uma das instituições mais respeitadas desse país, permitam um aviso: o DPF lhe trará algumas decepções logo nos primeiros meses. Cada um irá vivenciar algumas frustrações, maiores ou menores, de acordo com a passagem do tempo. Um dia, os senhores vão perceber que nem sempre fazer justiça é ser justo. Nem sempre fazer o previsto nas leis e regulamentos nos deixa dormir tranquilos. Se orgulharão de trabalhos policiais brilhantes que, mais dia ou menos dia, será questionado pelo MP ou por algum chefe. Os senhores conviverão com decisões políticas na nossa instituição que se distanciarão muito da boa técnica policial. E o que fazer nesses momentos?
    Eis uma sugestão de como sobreviver às decepções: mentalizem que não trabalham para o chefe imediato, não trabalham para o superintendente, ou para o diretor geral. Os senhores não trabalham para o ministro da Justiça e nem para o Presidente da República. NÓS TRABALHAMOS PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA e ela merece todos os nossos esforços, se necessário, inclusive, com o sacrifício de nossas próprias vidas. A construção de um país melhor e mais justo passa, necessariamente, pelo nosso trabalho cotidiano, quer seja emitindo um passaporte em Tabatinga ou apreendendo duas toneladas de cocaína no Porto de Santos.
    Os nossos filhos e netos (algumas vezes nossos pais) nos consideram heróis! E somos! Mas vale uma ressalva importante: nosso país PRECISA de todos nós VIVOS e na linha de frente do combate à criminalidade! No mundo real, no entanto, não será possível que todos nós cheguemos à aposentadoria... Alguns poucos de nós tombaremos combatendo o crime, pois nossa doutrina policial é magnífica e a obediência doutrinária de um PF deve ser canina. Por outro lado, muitos de nós tombaremos por conta de acidentes com viaturas. Cuidado também com o excesso de estresse e cachaça...
    Quanto à "distância de casa", fiquem absolutamente tranquilos: a vez dos senhores vai chegar em breve! Não "cheguem de costas" às cidades de suas novas lotações! Curtam suas novas casas! Apreciem suas novas amizades e aceitem sua nova FAMÍLIA FEDERAL. Em breve, os senhores perceberão que algumas amizades de dois ou três anos nessas novas localidades, levariam 10 ou 15 anos para serem construídas nas nossas cidades de origem. Aparentemente, a distância de nossos entes queridos faz com que os nossos amigos (quase sempre federais) sejam de uma lealdade incomparável.

    Forte abraço a todos e sejam bem-vindos à POLÍCIA FEDERAL DO BRASIL."

    Guilherme Delgado Presidente do SINPOFAC e Diretor da FENAPEF
    ----------------------------------------------
    Agradecimento: blog da Mari - Bióloga aspirante a Perita Criminal da Policia Federal.

    http://maciodaro.blogspot.com/

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  2. Show!
    Trabalhando para ler a mesma aí dentro. A emoção será mt maior, com certeza.
    Vlw o comentário...

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  3. rapaz, li um post seu que tinha desmotivado um pouco mas isso é normal todos passamos por isso.
    DESTIR jamais e vamos em busca de um sonho em primeiro lugar , ser PF , vlw eduardo e mÊs que vem começa uma nova jornada nao é? faculdade, estudos, trabalho e vamos que vamos

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  4. Que massa esse post, eu sempre curto os posts da Criska mas esse se superou. Bora dominar o mundo galera!

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  5. Sem querer desmerecer qualquer profissão, que todas são honradas, muitas vezes por comodismo alguns se contentam com trabalhos sem grandes responsabilidades. Os quais são, sem dúvida alguma, de suma importância para a sociedade, porém, como realização pessoal e profissional, acabam mantendo os conformados na mesma zona de conforto cinzenta, sem progredir, na mesma penumbra de sempre. Não sejamos assim, colegas, devemos sempre focar no futuro e buscar vôos mais altos, sem nunca esquecer nossa missão: proteger a sociedade brasileira.

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  6. Chriska,

    Fico muito feliz com os seus posts, pois temos muito em comum: além de sermos mulheres, perseguimos um sonho e o bacharelado em Direito.

    Só que neste post, o que mais me encantou foi o fato de voce não ter deixado se abater pela crítica. Também já fui alvo de um momento parecido, vindo até mesmo da minha própria família, incluindo meu pai que deseja para mim qualquer concurso. Mas pra mim como pra voce e todos aqui deste blog SÓ SERVE SE FOR PF.

    Vamos continuar nessa luta, afinal "somos fortes na linha avançada" e o dia que será o dia mais feliz da nossa vida está PRÓXIMO!

    Meu email/msn para quem quiser trocar material (e motivação): denise.deda@gmail.com

    Fiquem com Deus

    Semper fi !

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  7. Bruno - Que texto lindo!! Até me emocionei ao ler, e vou ter que colocá-lo no meu blog =)

    Denise - Meu pai também desejava para mim outro concurso... na verdade ele chegou a me falar: "qualquer coisa, menos PF". Mas para mim também só serve se for PF! (te adc no MSN)

    bjs :*

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  8. Lembrei de uma amiga minha, ela me olhou com cara de espanto quando eu disse que queria ser Policial...ela disse assim: pra que? estudar tanto pra virar policial? vai dar a vida pra pegar bandido, correndo risco de ser baleada!
    É o meu sonho, entrei na universidade por este motivo também, na faculdade o ultimo emprego cogitado pelas pessoas é policial seja militar, civil ou federal.

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