Disciplinas do Concurso - Parte 3 – Redação!

Olá, meus amigos!

Bom, continuando a nossa série de artigos especiais sobre as disciplinas dos concursos da Polícia Federal, dessa vez abordaremos algo que caí em quase todos, senão todos, os concursos públicos de nível superior: a famigerada Redação!

São muitas as pessoas que, ou tem facilidade com as palavras e escrevem bem, ou acham que não tem habilidade em manusear as mesmas e que é péssimo escrevendo até um cartão de Natal. No entanto, Redação, apesar de parecer fatalmente pré-determinado e dividida entre quem "escreve bem" e quem "escreve mal", não é bem assim! Uma pessoa que ainda tenha dificuldade de "escrever bem" pode sim melhorar sua redação, apenas com uma coisa fundamental: prática.

A prática, no que tange a Redação, é fundamental. Você só aprende a escrever melhor, a se expressa melhor de forma escrita, escrevendo, oras! Sendo assim, aqui vão algumas dicas minhas para uma redação melhor (lembrando sempre que minhas são baseadas nas MINHAS técnicas de estudo, portanto, é muito pessoal, mas tento "generalizá-las" ao máximo):

• Não se esqueçam de, durante a escrita de suas redações-treino, cronometrar o tempo que leva para escrevê-la. Desse modo, você vai controlando o tempo e se preparando para ser o mais dinâmico possível na hora da prova;
• Leiam bastante, fiquem bem antenados. O bom conhecimento do assunto da redação é responsável em 40% de uma boa redação! Afinal, ela será, em si, o conteúdo da mesma, sendo outros 30% referente a forma de se expressar corretamente, e os outros 30%, em questões técnicas da redação (que discutirei mais abaixo);

Aplicado a nossa realidade, o CESPE tem uma tendência a cobrar, em suas provas discursivas, temas relacionados à realidade do cargo pretendido. Isto pode ser facilmente verificado, apenas baixando as provas no site da banca e conferindo as provas. Portanto, recomendo que fiquem atentos, ou mesmo já tenha em mente uma opinião pré-formulada sobre os seguintes assuntos:

• Cidadania e Atividade Policial (como foi no concurso de 2009);
• Direitos Humanos;
• Combate a criminalidade, respeitando-se a lei;
• Combate às drogas;
• Atividade investigativa;
• Questões sobre a sociedade brasileira (suas mazelas, desigualdades, etc);
• Educação e atividade policial
• Assuntos possíveis para o próximo concurso (na minha opinião): além dos acima citados, podem cair assuntos referente ao Projeto da Lei Orgânica da PF e atividade policial federal e das forças armadas na defesa nacional e combate às drogas (a questão da possibilidade do Exército assumir a função de Polícia de Fronteira, por exemplo);

Outra dica que acho que é bastante útil é a seguinte: imprima aquela folha de rascunhos que vem junto as provas em formato .pdf, pois ela tem exatas 30 linhas (marca CESPE), além de você se "amodelar" ao formato da banca.

Cabe lembrar também que o CESPE costuma orientar as redações, por exemplo: ela dá um tema-gerador, um tema amplo a qual você deve dissertar. Mas, no entanto, ela dá alguns tópicos às quais vocês deve se orientar. Basta observar as provas mais recentes da banca, ou mesmo o concurso do ano passado. Eu, particularmente, acho isso bom, pois desse modo a banca delimita, faz um recorte do tema que você deve trata, orientando sobre quais os sub-temas você deve passar para tratar do tema como um todo.

Cada pessoa tem um processo de "concepção e parto" de ideias diferente. O meu é assim: escrevo, primeiro, por tópicos, os itens sobre o tema que me vem a mente, sem filtro (só com controle para não fugir ao tema); em seguida, remonto aquelas ideias picotadas numa ordem lógica e textual, introduzo ideias, tiro as que não tem muito a ver, etc. Só aí já tenho 70% da prova feita. Então, reescrevo-a, de forma quase definitiva, mudando algumas coisas durante a transcrição, somente. No entanto, reafirmo que é um processo muito pessoal, e que você deve procurar o seu.

Fique atentos a parte técnica. Escrever não é meramente jogar as idéias no papel. Lembre-se da velha estrutura aprendida no Ensino Médio: Introdução, com apresentação inicial da ideia da redação; Desenvolvimento, com parágrafos sobre os argumentos em defesa daquela ideia; e Conclusão, com o resumo das ideias apresentadas. Isso é básico e jamais deve ser esquecido. Além disso, fique atento a outras regrinhas de redação, como Concordância e Regência (Verbal e Nominal), Ortografia e Pontuação, facilmente achadas em um bom guia ou livro.

Outra dica legal é usar a Nova Ortografia. Apesar de ela só ser obrigatória a partir de 2014 (acho), o candidato impressiona a banca se já mostra ser capaz de dominar as novas regrinhas gramaticais da Língua Portuguesa.

Então pessoal, lembre-se que todos os 100% da prova dependem de você. Os 40% referentes ao domínio do tema vem da sua capacidade de ficar antenado com o mundo e com as ideias que circulam todos os dias pelos veículos midiáticos; os 30% a que se refere a forma de expressar suas idéias, você desenvolve com a prática, prática e mais prática; e os outros 30% da parte técnica depende de você aprender essas regrinhas básicas como Introdução-Desenvolvimento-Conclusão. Portanto, fiquem atentos e pratiquem bastante.

Logo abaixo, tenho uma proposta de redação para vocês. Vocês podem fazer aí, como forma de treino. No entanto, gostaria de pedir aos amigos, que acompanham o blog, sua participação, postando a redação aqui, nos comentários. Não se acanhem, pois ninguém irá julgar vocês (pelo menos, não enquanto eu coordenar esse blog), vocês vão apenas por em prática esse exercícios. Entendam justamente como um “simulado” de redação.

Proposta de Redação:(DPF – Agente/ 2002 – CESPE/UnB)Textos de Base:
“A sociedade organizada segundo os parâmetros do dinheiro e do trabalho, ao mesmo tempo que cria a figura do trabalhador, cria também a figura do vagabundo, do delinquente, do trabalhador que não deu certo e que frequentemente “esbarra” na lei, do criminoso em potencial. Essas são as pessoas que estarão mais sujeitas à perseguição e à punição.” (Andréia Buoro et al. Violência urbana – dilemas e desafios).
“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros no País a inviolabilidade à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. (Constituição da República Federativa do Brasil, 1988).
Proposta: Considerando que as ideias apresentadas acima e nos textos da prova objetiva têm caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo, posicionando-se a cerca do seguinte tema:
O combate à violência deve ser feito com imparcialidade e respeito ao ser humano.

Abaixo, apresento a redação que fiz sobre o tema, há alguns meses, quando começava a praticar ainda:

Antes de tudo, se mostra necessário pensarmos na marginalização em si. Devemos entender que o criminoso não é a causa, mas apenas a consequência de um intenso e longo processo de exclusão e desigualdade social.

A sociedade brasileira atual apresenta um elemento muito característico dos tempos modernos; que é a desigualdade social. Esta, por sua vez, gera a exclusão e marginalização dos grupos sociais menos favorecidos.

Diante de tal situação, o marginalizado, ou “marginal”, vê no crime uma possibilidade, uma alternativa ao seu status social. Vê que, realizando uma infração penal, poderia ter o que não conseguiria em meses de trabalho duro, por exemplo. E é importante que entendamos que o mesmo só pensa assim pois acredita não ter muito a perder, somado a certeza da impunidade por parte de nosso sistema judicial.

Isto nos mostra outro grande obstáculo ao combate efetivo à violência: a falta de oportunidades. A carência de políticas públicas de amparo social é um outro elemento a ser pensado. Muito além da política assistencialista do atual governo, se faz necessário investimento no que se refere a políticas sociais de base. Tendo oportunidade de ter uma educação melhor, por exemplo, teria mais chances de conseguir um melhor emprego. Deste modo, traríamos de volta a dignidade e o respeito a sua pessoa, e consequentemente, dessa classe social desamparada.

Nós só poderemos dar início a um combate imparcial à violência quando começarmos um trabalho de desconstrução da imagem do “marginal”, junto aos órgãos de Segurança Pública e da Justiça. Deve-se, antes de tudo, levar em conta o Princípio de Presunção de Inocência, tratada no Art. 5º da nossa Constituição Federal, garantia fundamental justamente para evitar a arbitrariedade. Devemos desconstruir a ideia que todo o pobre e desfavorecido é um criminoso em potencial.

Enfim, jamais podemos esquecer que trabalhar por uma sociedade mais livre, justa e solidária, além de erradicar a marginalização e reduzir as desigualdades sociais são diretrizes da nação, objetivos que o país assumiu e se comprometeu a alcançar em sua Carta Magna. E um trabalho desse tamanho só é possível em observância ao respeito ao outro e imparcialidade na aplicação da justiça.

Observem que o texto é composto de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, não contem frases prontas ou ditados, demonstra conhecimento do tema por parte do autor (sobre a CF/88 e mazelas sociais), procura redigir parágrafos curtos, entre outras regrinhas atendidas. Notem também que fui claro na exposição da minha opinião, apesar de em nenhum momento me apresentar no texto, “personificado”, e isso é importante.

Enfim, esse foi só um exemplo. Poste também sua redação sobre o tema e vamos trocando opiniões. Comentem, sigam, participem!

Forte abraço!

E rumo à Polícia Federal!