Tensão

O Brasil vive dias de tensão, e eu também.

Não fico alheio a isso tudo que está acontecendo. Pelo contrário: me sinto envolvido em cada problema, em cada lugar desse Brasil, direta ou indiretamente. Cumprindo o papel social que for - candidato ao concurso da PF, professor, historiador, amigo, irmão, filho e cidadão - sinto-me parte de cada decisão tomada por nossos "digníssimos" governantes, por cada decisão tomada pelas pessoas próximas a mim e as minhas próprias.



Talvez vocês não entendam o que estou falando, então vou explicar. Acontece que se chega a certos momentos em que a tensão é tanta, na sociedade, na vida e no cotidiano, que parece que não dá para aguentar. A rotina de estudos, os treinos exaustivos e a dieta (fictícia, quase), da rotina do candidato, somam-se à greve dos policiais e bombeiros do Rio de Janeiro e Bahia (especialmente, quando se toma parte e passa-se a defender, ou no mínimo desmentir um monte de coisas sobre os colegas Mikes, Charlies e Bravos), aos rumos tomados pela política nacional, aos escândalos de corrupção (mal-digeridos, cada um deles), etc. Não sei se isso acontece com vocês, mas a indignação é tanta que você não passa a dissociar o cidadão, do candidato ou do cientista social.

Tenho por vezes apenas esquecer tudo isso me concentrar apenas no que importa. No começo funciona, mas como ficar alheio quando se lê tanta bombagem, tanta retórica vazia e tanto destrato da Administração Pública, a que ambiciono fazer parte, com os profissionais da Segurança Pública, a que pretendo me tornar um.

A questão da greve é só um exemplo, e nem me aprofundarei. Quero dizer apenas expor para vocês, meus amigos, como é estressante ser candidato à concurso público policial. Me sinto envolvido mesmo sem ser. E me deparo com tantos absurdos, tanto, que fico relembrando com nostalgia os tempos em que era ignorante e alienados às mazelas sociais do meu país.

Em meio a isso tudo, tento me concentrar e estudar. Difícil. Tenho estudado bem menos do que queria nos últimos dias, mas não por conta das discussões ou dos rumos do país, mais por conta de um cansaço sobrenatural sobre tudo isso. Um peso que parece que todos nós carregados e com que conviveremos compulsoriamente por tempo indeterminado.

Acho engraçado meus amigos. Ligam, falam do Carnaval, das festas que (segundo eles) "iremos". Com respeito aos meus amigos e leitores: estou pouco me fudendo pra toda essa merda. Estou mais preocupado em passar, em aproveitar melhor as horas de estudo, em treinar com maior afinco e em levar a dieta a sério (esta última, sem NENHUM sucesso... rsrs), que Carnaval e outras estripulias parecem coisas quase insignificantes para pessoas como nós, que tem uma missão tão grandiosa pela frente.

É sangue, suor e lágrima. Dói a cada dezena de metros corridos a mais, mais é a melhor forma de se chegar lá. Se concentrar, voltar ao que importa é minha missão para os próximos dias. A apreensão de que fui vítimas nas semanas posteriores à autorização do concurso, em dezembro, parece distante, mais o "senso de urgência" ainda está muito vivo. A ideia de que poderia, ou deveria, estar se fazendo mais termina por gerar culpa, que gera frustração, que gera preguiça, num ciclo interminável de inutilidade.

Não sei se esse texto-desabafo ficou claro para vocês, mas em resumo ele quer dizer só isso: a pressão aumenta a cada dia, diversas coisas surgem pra te tirar do caminho, mas manter o foco é o mais importante. Ainda que não se saiba como recuperá-lo, ter a consciência de que precisa recobrá-lo já é o mais imporntate passo a ser tomado.

Um forte abraço a todos. Desculpem o texto "tenso".. rsrs.
Rumo à Polícia Federal