Mais um capítulo da guerra... ou da paz?

Esse post não é grande coisa, apenas um registro de algo que me pareceu muito significante.

Hoje, pela manhã, quando me dirigia ao ponto de ônibus para mais um dia de trabalho, vi uma cena que a muitos possa parecer corriqueira, ou sem importância, mas que pra mim significou muito. Enquanto caminhava, vi, a uns 20 metros de mim, uma mãe e um menino, com uniforme de escola municipal, provavelmente indo para a mesma. No entanto, o menino, que tinha algo em torno de 4 ou 5 anos, parou de repente e começou a apontar pra rua, para a pista de carros, no sentido contrário ao meu.

Então ele começa a grita "Polícia, polícia!"



No mesmo instante, me virei, analisando a possível ameaça, e já encolhendo o corpo, em posição de movimentação pra encontrar abrigo. Vi então duas viaturas da Polícia Civil, tradicionalmente com seus fuzis apontados para fora do veículos, em constante sentinela. Uma era da DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), e a outra era da CORE (Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais, a elite da Civil do Rio).

Esperando qualquer sinal para a iniciativa de um confronto, retorno meus olhos ao garoto, e, pra minha surpresa, apesar de continuar a gritar "Polícia!", ele não demonstrava medo: ele estava sorrindo e acenando para os policiais! Olhando de volta pra viatura (e isso tudo em questão de segundos), vi os policiais do lado do carro que estava o garoto abaixarem o fuzil, de modo a torná-los (eles, os policiais) mais visíveis e, sorrindo também, acenavam para o garoto, afirmativamente.

Foi um momento incrível. A idéia de um menino, morador de favela, acenar e sorrir para um policial (e o mesmo retribuir carinhosamente!) seria inconcebível há alguns anos. Claro que a mãe do menino não tardou a repreendê-lo, mas ainda me pergunto: seria esse o prenúncio de um novo tempo de paz para o Rio? Com uma polícia cidadã, de verdade? Espero que sim.