Tenho recebido e-mails.
Mensagens no facebook. Acho que se eu tivesse twitter, seria algo avassalador também.
Muita gente perguntando. Gente de todos os segmentos querendo saber o porque de reclamarmos, nós policiais federais, da situação atual da Polícia Federal. "Por que tanto desânimo?" perguntam.
Estão preparados?
Estamos DESESTIMULADOS SIM! E muito.
Imaginem entrar para uma Polícia Judiciária da União, depois de estudar de forma quase insana para esse concurso, tido como um dos mais difíceis do Brasil. Imagine que, após viver numa "Ilha da Fantasia" chamada Academia Nacional de Polícia, o policial é lançado em uma lotação inóspita, invariavelmente sem condições de receber sua própria família. E nessa lotação, perceberá que deverá ser muito mais criativo e voluntarioso para sobreviver, que foi ensinado na ANP.
Imagine se sentir ABANDONADO pelos gestores do Departamento de Polícia Federal, sendo obrigado a se deslocar às suas próprias expensas, pois as diárias, tão necessárias ao cumprimento das missões fora de sede são depositadas apenas DEPOIS da missão iniciada.
Este policial que vos escreve, com outros colegas, viveu o dissabor de ficar sem dinheiro para comer durante o curso especial de polícia, sendo obrigado a comer "fiado", esperando a diária cair na conta.
Imagine entrar em uma carreira prevista para durar entre 25 e 30 anos, e após 15 anos de trabalho atingir o posto mais elevado, ficando 10 anos ou mais sem a menor perspectiva de galgar degraus na carreira e, consequentemente, melhorar de vida.
Por que tantos policiais passam a deixar polícia de lado? Porque precisam cuidar das suas vidas, Porque os filhos crescem, entram na faculdade, os gastos aumentam e a perspectiva profissional dos antigões é ZERO.
Por que não fazemos prova para delegado? Porque nós gostamos de ser AGENTES, PAPILOSCOPISTAS ou ESCRIVÃES. Entramos na Polícia por ideal e não por emprego. Muitos de nós têm pós-doutorado em suas áreas de formação e, NÃO CAIAM NA GARGALHADA, somos relegados a planos inferiores, para que recém egressos das faculdades de Direito exerçam suas funções de chefia.
Um dia eu gostaria de debater isso. O que faz um bacharel em Direito ser melhor que um doutor em Física. Respeito. Mas é de difícil compreensão.
Imagine cumprir expediente de forma séria, realizar as investigações pertinentes aos inúmeros inquéritos policiais, para no final perceber que todas as diligências terão pouquíssimo ou nenhum valor na fase processual. Imagine perceber que é parte de uma engrenagem mantida arcaica para suprir a VAIDADE de poucos. Sim, digo sem medo de errar que são poucos, pois a massa dos policiais de TODOS OS CARGOS deseja que esse cenário mude.
Quando percebemos que "enxugamos gelo", que os gestores riem e brindam os nossos pés e mãos atados e DEPENDENTES da política de momento, nossos corações se enchem de um misto de tristeza e ira. Gritamos. Tentamos fazer algum barulho. Mas aí percebemos que a sociedade tem a polícia federal que merece. Pois essa sociedade NÃO CONHECE A REALIDADE. Nem se esforça para conhecer. Contenta-se com as pirotecnias que causam a falsa impressão de que a "Polícia prende e a Justiça solta". Não é isso. definitivamente. Uma investigação otimizada realizada com seriedade não dá chances à criminosos.
Somos policiais... Agradamos à classe média quando entramos de forma avassaladora nas comunidades dominadas pelo "crime organizado"(?). E causamos asco a essa mesma classe, quando seus filhos são presos no lugar daqueles "marginais" do morro. A sociedade é muito criminosa sim. Não respeita nada. Cansei de ouvir deles: "Não dá para resolver aqui?" NÃO!! NÃO DÁ!!
De nada adianta, meus caros, as Nissans, as Glocks, as letras douradas, se os nossos corações, nós POLICIAIS FEDERAIS DO BRASIL conhecemos a NOSSA REALIDADE.
São gestores pouco sérios. Diria até que são quase humoristas. Nossa eficiência é, aos poucos, reduzida à mediocridade. Sim, infelizmente é isso.
E vocês, sociedade, classe média ou qualquer classe...enquanto não se interessarem pelo que é seu de direito, serão sempre enganados por fogos de artifício e carros de som........ainda que tenham as lendárias letras douradas.
SANDRO ARAÚJO
Agente de Polícia Federal - Classe Especial
Agente de Polícia Federal - Classe Especial
Sandro, meu caro!
ResponderExcluirNão li com espanto o seu texto. Na verdade faz um tempo que tenho me deparado com opiniões parecidas em diversos "posts" na rede.
Tem gente reclamando sobro o elefante branco do IP em todos os canto da federação.
Mas o que mais me chama a atenção, e tem por igual a minha indignação, é o fato de um sujeito egresso de um curso de direito ter valor maor do que um sujeito egresso de um curso de engenharia, ou qualquer outro curso superior!
Não faz sentido, e não tentem explicar!
Fica aqui minha posição, junto da sua!
Mas saiba que anda não entrei na Academia. Entrarei no próximo concurso? Sim!
Te desejo toda a sorte e energia positiva que você consiga suportar!
Sempre visitava o blog do Sandro mas não aguento mais ver esses posts de choro dele. Isso ai já cansou -.-
ResponderExcluirEntao VAZA!
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ResponderExcluirBom dia! É assim que se começa um papo - ao menos era no meu tempo de tutelado, morador com meus pais.
ResponderExcluirMas é o seguinte: o fato de ter gente escrevendo sobre a realidade dos APFs nos confins do Brasil não é enfadonho, nem irritante!
Enfadonho seria se todos os que estivessem socados nestes fins de mundo fossem destituídos de razão!
Querer entrar na PF é bacana! Tem a parte boa e a parte ruim!
Talvez a parte boa esteja nos sonhos e a parte ruim esteja na estadia na PF. Pode ser o inverso também.
Não se enganem aqueles que estão ralando para entrar na academia, e ao assumirem os seus postos e se depararem com outra realidade. A realidade dos fins de mundo.
Na minha graduação, estudei numa cidadezinha, divisa com o MS, de nome Ilha Solteira (procure no mapa). Imagine que lá o restaurante fechava na hora do almoço.
Então imagine você ser lotado numa pirambeira perto da gloriosa Bolívia, ou na fronteira do harmoniosa Colombia e ter que levar sua família e lá você percebe que não tem nem posto de saúde! Chique, não é?
Algumas pessoas são do tipo "A Revolução dos Bichos", ou seja, se deliciam com o poder alcançado. Outras não são deste tipo, pois, percebem que com o poder alcançado apareceram mais problemas que soluções. Até porque não é crime almejar o cargo de APF como indutor de melhor qualidade de vida para todos os seus próximos.
Então é o seguinte macacada: entrem no caldeirão e depois digam se a água ainda está morna!
Bira, você tem seu ponto de vista e o mínimo que dá para eu fazer, é respeitar!
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ResponderExcluirEntendo a reivindicação do pessoal. Mas querer revolucionar a situação alterando totalmente a estrutura é algo um tanto demasiado.
ResponderExcluirQuando o candidato presta a prova já está ciente das regras do jogo, ninguém o obriga. Ademais, sinceramente eu acho que seria uma falta de senso de justiça querer buscar esse crescimento na carreira através do tempo. Eu tenho me preparado a 3 anos para enfrentar a prova de delegado que conta com provas práticas, discurssivas e, inclusive, oral que demandam um alto grau de conhecimento e dedicação. Seria justo com os candidatos que se submeterem a testes bem mais difíceis e a um número reduzidíssimo de vagas a condições salariais iguais?
Eu não acompanhei o caso dos peritos, mas creio que o nível da prova para esse cargo tenha subido substancialmente também. Afinal a questão salarial tem mais peso neste cargo do que outros que exigem formação geral. Com isso acho que não se está valorizando demasiadamente a carreira do direito, até porque, se você buscar algo a mais, poderá procurar uma área específica dentro da perícia e ganhar mais.
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ResponderExcluirConcordo Bira.
ResponderExcluirAté porque esse bom aparelhamento da PF se refletiu no governo Lula com as ótimas investigações. O órgão melhorou e incomodou muita gente lá de cima como no caso mensalão entre outros.
Sempre foi um órgão que admirei e defendo que deve ser valorizado além de receber mais investimentos. Se não o é, deve ser apenas uma questão de prioridades que o governo resolve deixar de lado.
Pouco tempo atrás vi um delegado falando sobre um adicional de fronteira que daria um auxílio aos policiais, não resolve, mas tudo é bem vendo se for pra melhorar um mínimo que seja.
O problema da PF são os delegados, se o concurso pra delegado é mais "difícil" é por iniciativa dos dirigentes da PF (delegados), os quais tem o intuito de valorizar essa categoria apenas, e desconsideram os colegas, e esses sim verdadeiros policiais, que carregam piano. Delegado só existe no Brasil e outros dois países da Africa. Este modelo de polícia burocratizada não encontra mais espaço no mundo moderno, o que ocorre por aqui é um verdadeiro retrocesso, tudo gira em torno de interesses pessoais e nefastos, não se enganem com essas megaoperações, existe muito interesse pessoal por debaixo dos panos!
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ResponderExcluirMeu caro, você vai me desculpar, mas você só falou abobrinha, pelo visto quem não tem conhecimento de causa é você. Não use a realidade do Brasil como referência de um sistema de segurança pública efetivo, se você for pesquisar como se desenvolve as investigações das policias do resto do mundo e o seu papel verá que o nosso país está muito aquém do que deveria ser. Suas explicações não encontram espaço na prática, pelo simples fato de que não são aceitas, e num estado democrático de direito você não pode obrigas as pessoas a tal. Somente aqui neste país alguém faz concurso para ser chefe, e se esquece o fator mérito, no qual policiais experientes são dirigidos por uma categoria que remota 1841 no Brasil império. Você está enganado ao pensar que são os delegados que montam as operações e estratégias, isso tudo é tarefa dos EPAs, procure se informar antes de ficar supondo realidades, procure conhecer algum EPA da federal, eu posso dizer que conheço a realidade porque pesuiso a respeito do assunto e tenho parentes que são policiais federais! Quer um exemplo de gestão moderna, veja o exemplo do dirigente da interpol, a qual é uma policial formada em artes clássicas e com anos de experiência no campo policial.
ResponderExcluirPolicia Federal, meus amigos, só vive de imagem! Porque na prática a realidade é outra...
ResponderExcluirInfelizmente, já tenho uma idéia da realidade inicial apresentada aos novos policiais federais. Isso desanima um pouco sim, mas também serve de estímulo para tentar modificar nem que seja um pouco o sistema já acomodado e amaciado pela política envolvida e não muito eficiente na corporação. Talvez no futuro use toda minha experiência no operacional e mude para o modo correto na atuação como político.
ResponderExcluirO raciocínio é esse mesmo, a federação e os sindicatos devem usar mais estratégias nesse sentido, fazer lobby mesmo, assim como os delegados já fazem. Pois, pelo visto, os radicalismos não ajudaram muito até agora.
ExcluirCom a reabertura do concurso para Escrivão, Delegado e Perito, será que vai voltar a persegir o sonho, ou continuará desanimado?
ResponderExcluirEu imagino a reação depois de aprovado, quando passar as primeiras dificuldades da e na carreiera! Espero que eu esteja errado!
Até
Erro 1 - Não esqueçam que a CF determina que as policias civis serão chefiadas pelos delegado. Logo, só uma mudança constitucional para mudar esse panorama.
ResponderExcluirErro 2 - Que só existe delegado no Brasil e que só aqui existe o inquérito. Na França, por exemplo, há procedimento investigatório similar ao nosso IPL.
Bom deixar claro: também sou a favor de carreira policial única. 4 anos de academia de polícia. Ingresso pelo vestibular ou concurso com pre-requisito de ensino superior. Unificação em mesmo órgão das atribuições da polícia judiciária e administrativa. Contudo, sei que isso não vai existir tão cedo em nosso país, pois todas modificações dependem de alteração do art. 144 da CF. Ao meu ver, acima disto, está a questão salarial dos agentes, escrivães e papiloscopistas (e com razão pois seus salários não condizem com os demais cargos de analista do executivo) como mola propulsora dessa insatisfação . Uma saída aos mestres e doutores seria a propositura da implementação de uma gratificação por titulação... Ah, mas é mais fácil reclamar do chefe.
Cara estou na PF há seis meses. Estou lotado no Pará. Passei no concurso do ano passado.
ResponderExcluirDe fato a ANP cria uma história muito diferente da realidade. Aliás, o conteúdo programático que nos é ensinado em quase nada ajuda no dia a dia.
Muitas vezes não temos 6 ou mais agentes pra fazer aquelas mirabolantes abordagens que tinhamos que fazer na ANP.
Enfim, em relação a ANP muito deve mudar, inclusive já redigi um e-mail sugerindo mudanças na grade de disciplinas.
Em relação ao clima na delegacia, na minha lotação tivemos a sorte de encontrar pessoal do curso de 2009, que mesmo estando descontentes não tentam tirar a motivação dos mais novos como tenho percebido em outras localidades, ao contrário, quase sempre se mostram dispostos a ajudar (pessoal gente boa!). Resumindo o clima lá é de bastate respeito e amizade.
Ressalto que minha visão é de quem é novo na casa.
A PF não é diferente de outros órgãos públicos, ou seja, é bastante enjessada (viaturas que demoram a ser arrumadas por falta de aprovação de orçamento é só um dos vários exemplos).
Quanto ao pessoal do direito geralmente comandar o espetáculo, tenho percebido que em parte isso ocorre, e digo a vcs que conheço pouquíssimos advogados que são bons com gestão de pessoal e administração em geral.
Aos que ainda estão estudando pra entrar na PF, sugiro que mantenham a motivação, pois mesmo tendo uma certa decepção inicial ainda digo a vcs que é disparadamente o melhor emprego que já tive, provavelmente por ser o único que sonhei em ter.
Sobre o nosso salário (Agentes), creio que em comparação com outros cargos/carreiras do setor público não vem sendo muito justo. Ao mesmo tempo sei que na iniciativa privada eu demoraria muito tempo para ganhá-lo. Mas eu costumo dizer que passar num concurso pra PF não é pra qualuqer um (e todos tem a opção de baixar a cebeça e estudar alucinadamente). Sempre tento olhar as coisas por angulos diferentes.
Agora é sacanagem pessoalzinho de agência reguladora ganhar mais do que nós.
Sobre as lotações, realmente são locais ruins, custo de vida alto etc.
Estou com pouco tempo pra escrever, mas não percam a motivação. Tenho muito orgulho de usar meu distintivo e a farda preta, por enquanto tem sido assim e espero que continue por um bom tempo.
Entendo o desabafo do Sandro, no fim das contas creio que no fundo seja pra buscar uma polícia melhor.
Resumo da ópera: Mesmo que a PF não seja aquilo que imaginamos antes de fazer parte dela, vale muito a pena. Não me arrependo nada das milhares de horas que passei na minha mesa estudando. Levantar de manhã pra ir pra delegacia tem sido um prazer. E certamente é um trabalho muito melhor do que qualquer um que você teve até o momento. Nunca serei um cara rico, e já ouvi de alguns caras bastante abastados que eles gostariam de ter sido policiais, pois provavelmente o dinheiro que ganharam não veio de uma atividade que lhes dava prazer.
É isso futuros agentes, estudem pra logo estarem aqui me substituindo! hehe
Forte abraço, muita garra e sorte aqueles que querem unica e exclusivamente este cargo!