quarta-feira, 21 de março de 2012

Vá e Vença!


          
                Acordo e vou à academia, ao trabalho, à faculdade e logo depois para a cama. Rotina diária, meu paradigma, que passa a leve sensação ad aeternum. Dando o meu máximo (ou não) para conquistar um sonho. Mas que sonho? Não tenho ciência de quando surgiu no meu consciente a idéia de ser um Policial, sempre fui apaixonado pelas carreiras militares e paramilitares, na infantil inocência dos meus nove anos queria ser “piloto de caça”. Os anos se passaram, me formei no Ensino Médio, veio o alistamento militar e outro sonho, de servir ao Exército Brasileiro, Brigada de Infantaria Pára-quedista. Não sei até hoje se isso se chama “complexo de super-homem” ou uma pré-disposição à operacionalidade, mas sempre fui atraído pelas unidades consideradas de elite, Comandos, Comanf, PARA-SAR, GRUMEC; a simples vontade de ser esculpido no puro aço, algo que sempre me fascinou. E claro, impedido por um atropelamento e 32 pontos no úmero direito, mas essa é outra história!


            O tempo passou, o sonho adormeceu, surgiram outras vontades e quase me apaixonei pela Engenharia. Porém, chegou o ano de 2010... vestibular! Escolhi Direito para a UFF e para a UERJ. Saí na primeira fase de uma e na segunda fase da outra, respectivamente, provável conseqüência da formação em escola estadual. Nessa época o Rio de Janeiro estava um caos e eu descobri o blog “Perseguindo um sonho: Rumo à PF”. O qual achei por acaso, na minha procura de artigos sobre Segurança Pública. Daí nasceu a paixão, Polícia Federal, nunca tinha pensado nessa possibilidade. Entrei no site do Departamento de Polícia Federal, li editais anteriores e cada dia acreditando mais nesse antigo novo sonho! Foi quando levei o assunto para a família e comecei a colher orientações. Recordo-me das reações de espanto, minha mãe dizendo “Meu filho, não faz isso”; meu pai dizendo “Pensa bem no que você quer”; Rui, grande amigo e influência na minha formação moral, dizendo “Vai e mostra que não tem só corrupto naquele lugar”; meu patrão, pessoa admirável, das três profissões que julgo mais importantes para a sociedade, sendo ela o policial, o médico e o professor, ele exerce as três e me disse “Vou fazer de tudo para mudar sua cabeça para você não cair nessa cilada”. Tantas opiniões, tantos pontos de vista divergentes. O que pensar? Por onde deixar me influenciar?

            A principal questão à qual procuro resposta é: “Vale a pena o sonho de se tornar Policial?”. Fico indignado como uma profissão tão bela e gloriosa ser levada pela sociedade por características totalmente contrárias e difamadas. Quantas pessoas seriam capazes de por em risco suas próprias vidas pelo próximo? Porque a morte de um policial é visto como um simples “acidente de trabalho” e não como um ato heróico? Vemos a mídia e parte da sociedade generalizar ações particulares de bandidos transvestidos de policiais, e todas essas instituições, junto aos funcionários da mesma, são desmoralizados por essas mesmas pessoas que, às vezes, dão a vida para proteger. No meio da minha própria reflexão eu me pergunto novamente: mesmo sendo um instinto natural do ser humano correr do perigo, qual é o mecanismo da mente humana que permite um indivíduo correr ao contrário desta tendência? E, principalmente, porque nós, FUTUROS POLICIAIS FEDERAIS, os de verdade, com formações acadêmicas nas mais variadas áreas escolhemos isso para nossas vidas? Algo tão perigoso e com um reconhecimento não muito agradável! Seria simplesmente amor pelo próximol? Ainda estou à procura desta resposta!

Trabalho de segunda à sexta, no Centro de Niterói. Esse tipo de pensamento constante o qual mencionei é somado à excitação diária de quando passo em frente à Delegacia de Polícia Federal todos os dias, ou pela Justiça Federal (onde sempre têm viaturas estacionadas rsrsrs), quando leio e/ou vejo notícias de operações deflagradas ou simplesmente relendo livros e artigos policiais. Qual é a sensação de ser policial? Preocupação? Medo? Felicidade? É bom estar correndo um eterno risco de vida? Qual deve ser a sensação de acordar em casa, se despedir da família sabendo que alguma operação pode dar errada e você nunca mais voltar? Porém, o mais importante, creio, seja perguntar a si mesmo: qual é a sensação de realizar uma operação bem-sucedida e salvar 20 mulheres sendo traficadas num container? Diante da “possibilidade de morte” eu vejo algo a mais, a “possibilidade de dar outra vida e outra chance”!

Podemos estar cansados e exaustos, mas não podemos nos render! A impossibilidade não existe em nosso vocabulário, como disse o próprio Jean Cocteau: "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez". Nossa pré-disposição em fazer o bem deve ser moldada até nos transformamos em “guerreiros, podendo ser comparados ao aço”, como diz as primeiras palavras que li nesse blog. E, um dia, após tanta exaustão, podemos ser recompensados por tanta DEDICAÇÃO, FORÇA DE VONTADE e pelo BEM que fizemos da forma em que sempre acreditamos! Para vocês, as portas estão abertas, atravessem-na, e conquistem esse sonho que todos nós temos em comum, pois em breve os alcançarei. VÁ E VENÇA!


São Gonçalo, 21 de Março de 2012.
Rodrigo Nunes, Acadêmico de Direito e futuro Agente de Polícia Federal!

7 comentários:

  1. Meu Amigo, parabéns pelas palavras!
    Quando li os primeiros parágrafos do seu texto, parecia que tinha sido escrito por mim. Eu também desde criança queria ser avidador, tentei EcPCAr algumas vária veses e AFA sem sucesso. A vida me deu outros rumos como o casamento e faculdade, e por alguns anos achei que a Engenharia era meu destino. Conclui a graduação na Engenharia, tenho um casamento ótimo, um bom emprego numa Operadora de telefonia, mas como voce bem disse, não me sinto realizado! Acho que o sentimento de ser esculpido como aço, de mostrar que nem todos são corruptos e poder fazer algo mais por esse país fala mais alto. Sempre tive vontade de poder fazer algo mais pela segurança do nosso país e sinto que essa é a hora, sinto algo diferente quando vejo operações da PF, notícias sobre o assunto, baixei do site da PF os resultados das operações dos anos anteriores e cada minuto tenho mais certeza que ficar longe da minha família, largar minha profissão atual, meu emprego e tudo que conquistei até hoje vai valer à pena. Bons estudos e boa sorte pra nós.
    Sds,
    João Víctor
    Futuro Agente de Polícia Federal

    ResponderExcluir
  2. Nao é só com vc meu caro Joao!!!

    Quando fui servi como paraquedista, me chamaram de doido.

    Resolvi ir para os Comandos, BTL DE FORÇAS ESPECIAIS.

    Novamente era maluco doido, e por aí vai!!!

    Enfim quando a hora chegar, e em breve chegará,
    já sabemos o que virá...( ganha bem mas é doido, é maluco...)

    FORÇA E HONRA!!!

    ResponderExcluir
  3. Rodrigo,

    Faço das palavras do João Victor as minhas, ao ler alguns trechos (na verdade, a maior parte deles) parecia que era eu que tava escrevendo. Até em detalhes!PARABÉNS!

    Conheço o blog há pouco mais de 2 meses, mas minha afinidade com ele é indescritível. Então deixo aqui, também, meus PARABÉNS para o Eduardo Costa!

    É a primeira vez que escrevo e o motivo maior foi compartilhar com vocês e com tantos outros, que vi e li aqui no blog, esse espírito de COMPROMISSO com um SONHO. COMPROMISSO com um ideal de vida (ser policial)!

    Certa vez, li num blog (não me recordo se foi na saga), alguém escrevendo que "vocação é pilha", ou algo do tipo, em resumo ele pregava que a vocação de ser policial é até antes de entrar, que esse "sonho" é maravilhoso, mas que depois passa! Enfim, ele definhava o significado da palavra vocação! Só digo uma coisa, esse cara não sabe o verdadeiro significado dessa palavra!

    Não sabe o que é todo dia, quando falo TODO, é TODO mesmo, deitar e imaginar (=sonhar) em ser POLICIAL. Fazer de conta que tá nas mais diversas operações ou que tá de "tocaia", esperando para dar a voz de prisão, ou, ainda, se imaginar no dia do resultado e ver seu nome LÁ, esperando o momento de entrar na academia e o dia da formação. Esse cara não sabe o sentido de VOCAÇÃO. Peço todo dia que seja feita a vontade de Deus, mas peço também FORÇA e GARRA para continuar estudando, traçando, a cada dia, meu objetivo!

    Como gosto de falar: - Tô doido para começar a sonhar com outra coisa, quero ser logo Agente da Polícia Federal!

    Abraço a todos, forças nos estudos e FÉ que vai dar tudo certo!

    p.s.: Eduardo, assim como o Rodrigo, espero enviar para você um post. Acho legal contar a experiência de cada um e como cada um SUPERA as dificuldades. Parabéns novamente!

    João Paulo Nunes
    ("Nunes" também, mas creio que não somos parentes)
    Futuro Agente da PF

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fique a vontade, amigo. É só mandar para o meu e-mail: eduardo_costa134@yahoo.com.br

      Abraço!

      Excluir
  4. Realmente me espantou esse post, as palavras pareciam que estavam saindo da minha boca. eu também quis ser piloto de caça e prestei a prova duas vezes, mas falhei em exatas (obrigado ao ensino estadual).
    Me direcionei para a área de TI, a vida te pega de surpresa e quando você vê seu sonho está lá passando, por isso que digo e concordo quem não sabe o real significado da palavra vocação não consegue entender o que a gente sente.
    A polícia federal sempre foi um sonho mas perdi o edital de 2009 por 2 dias perdi a data de inscrição ... e era muito novo no de 2004.
    Vamos lá colegas, pra fronteira , pra aonde for!!! Vamos fazer história dentro e fora da PF.

    ResponderExcluir
  5. Parabéns pelas palavras Rodrigo, cheias de força, honestidade e inspiração, características que prezo. Obrigado por me enviar o link deste belo texto.
    A todos os "guerreiros" na "arena dos concursos", um conselho: lembrem-se da "disciplina do aço" e ela os levará a conquistarem seus objetivos, pois a preparação é amante da vitória.

    Eduardo Betini

    ResponderExcluir
  6. Todos os dias, eu indo para o centro de niterói, também fico olhando para a delegacia da policia federal e pensando como seria realizador pra mim, é esse sonho que eu quero e é ele que vou correr atrás até conseguir !

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário. O feedback é importante para continuarmos a fazer o que fazemos.